terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Saindo um pouco da tangente. Parte 4

O que queremos - Parte Inicial? (Sendo franco)

Tenho 26 anos, perdi pai, mãe, avô e avó. O que eu posso perder mais na vida? N-A-D-A. Meus maiores medos foram extirpados. Moro sozinho desde 2006. Mas sendo mais franco ainda, ninguém sabe do que eu abri mão, das dores que eu tive e de como é sofrível demais dormir e acordar sem ter N-I-N-G-U-É-M pra que você se sinta tranquilo e seguro.

(Mas o que isso tem haver com o assunto?)

Muita coisa! O que queremos nem sempre é aquilo que precisamos ou merecemos. O que eu quero é ter uma pessoa para preencher um vazio que existe quando os meus medos começaram a ser extirpados. Esses medos são:

- Da nossa mãe, o nosso coração
- Do nosso pai, nosso melhor amigo
- Da nossa avó, o nosso carinho
- Do nosso avô, nosso melhor companheiro

Me chamam de vencedor na vida, mas eu rejeito esse rótulo. Falam que minha história é de uma pessoa valente. Discordo, pois eu fui fraco e não fui incisivo quando deveria ser. Se eu fosse vencedor, eu estaria trabalhando com uma bela companheira e meus pais já seriam AVÓS. Se minha historia fosse de uma pessoa valente, eu teria gritado com todos que fizeram besteira quando meus avós precisaram deles. Fui fraco quando me abati com a doença da minha mãe. Fraquejei de saudade faltando uma semana pra ela voltar pra casa. Ela veio falecer quando ia ganhar alta.

Também fui fraco quando meu pai realizou um sonho dele, mas esqueceu de uma promessa:

"AGORA É VOCÊ E EU. DOIS AMIGOS, DOIS IRMÃOS PARA TUDO NA VIDA"

Inicio de 2001 tive de ser forte para que ele realizasse um sonho. Foram seis anos longe do meu melhor, maior e mais importante amigo até a sua perda. Aonde fui fraco? Quando não pedi pra ele ficar e realizar o sonho aqui em Salvador.

Minha avó(Maria do Carmo Carvalho) eu perdi quando ela não aceitou o inicio da doença em 98. Meu avô...perdi quando veio a queda em 2006. Se não fosse isso, eu poderia ter realizado o sonho dele de me ver formando...

Quando meu mundo desabou de verdade, minha fé foi toda em cima dos meus amigos. Não vou citar nomes mas foram eles que me fizeram ficar de pé quando eu não conseguia saber se eu estava no chão ou na parede ou sendo arrastado. Voltei a pelo menos sorrir no dia sete de novembro.

Me emociono sempre quando lembro da parte que mais me toca profundamente. Meu pai deixou algo de grandioso: O AMOR PELO ESPORTE CLUBE VITÓRIA. Sou muito grato aos presidentes daquela época, Alexi Portela e Jorge Sampaio. Meu pai teve uma honra que espero ter pelo menos 1% do minuto que ele teve antes do jogo Vitória x Ituano. Quando esse time voltou para o lugar de onde nunca deveria ter saído, meu mundo começou a girar. Lembrei de 1992. Quando ele me levou a TODOS OS JOGOS EM SALVADOR, independente do horário. Me carregava no colo na volta, pois eu voltava dormindo.

Chorei demais ao lado do melhor amigo que meu pai tem em Salvador. Queria que meu pai estivesse observando essa festa linda e a luta que não só o time, mas alguns torcedores em especial que sempre estavam cobrando desse time. Me senti com o dever cumprido em honra ao senhor Izamael Oliveira Motta.

Por não ter mais uma "família" próxima a qual serve de referência para apaziguar todos os medos(eram apavorantes de verdade, mas eu tinha de me mostrar inabalável) foi chegando duas épocas marcantes. Meu último natal com meu pai, passamos brigados pois ele esqueceu de mim. Eu não queria passar o natal sozinho e fui conhecer as pessoas que encantaram minha mãe e ajudaram ela na fase do tratamento do câncer.

Me senti totalmente aconchegado lá, mas algo vinha forte em minha mente: "Esse não é o meu lugar". Tenho apenas uma pessoa de confiança na família da minha mãe, que é a minha tia que mora no Rio de Janeiro. Aqui em Salvador, um anjo chamado Elisa me ajuda sempre que é possível. Também tenho de ser eternamente grato a duas pessoas que meus pais ajudavam sempre que necessário: José Antônio e Cleusa Freire(Neusa).

Reveilon foi em Aracajú, com minha tia Luisa. Pra mim, ela é minha sensatez. Considero ela como minha mãe, pois quando tem de falar, ela fala mesmo...

Desde então parei para pensar o que seria minha vida, como seria isso. Todo mundo fala que é dificil perder pai e mãe, mas quem já perdeu mesmo de verdade, sente que é uma dor indolor. Você não sente agora, mas quando vê alguem recebendo um carinho deles, bate uma saudade absurda.....

Esse texto está muito grande, vou continuar depois, mas sim, tem fundamento com o título.....

Um comentário:

'Nathiii* disse...

;/
tao triste ver sua tristeza.

queria te ver sorrindo sempre !