- Está muito feio. Teremos que abrir também e retirar a bala. Você pode ficar pior. - Disse Janice
- Sabe, se ele tem febre é devido a algum nervo que a bala atingiu. Temos que fazer isso rapidamente. - Falou Cléo.
Só sei que adormeci. Acordei a noite. Estava fazendo frio e isso ajudou um pouco a diminuir minha febre. Moá estava tomando conta da minha pessoa.
- Você está bem? Você suou demais e ficamos com medo. Um homem de nome Tenente disse que estamos perto do local. Ele também falou que o melhor era atravessarmos o vilarejo a noite. Ninguem é maluco de sair a noite por causa do frio, mas isso é um risco que teremos de correr. - Falou Moá.
- Não temos condições de sair agora. Mal mexo minha perna. - Falei.
- Temos sim. Tente mexer sua perna, vamos! - Falou Moá.
Eis que conseguia mexer minha perna. Tentei levantar, mas senti um pouco a falta de apoio nela. Mas conseguia andar. Todos acordaram e iniciamos a caminhada.
Era noite e fazia bastante frio. Estavamos bastante preocupados com a criança, pois ela poderia estar incomodada com tamanha sensação termica negativa. As ruas estavam muito desertas, mas mesmo assim, estavamos tomando muito cuidado. Eis que do nada o rádio toca.
- Soldado, responda pelo amor de deus!
- Soldado falando, responda Tenente.
- Tenente Falando.....Não saiam a noite. Soldados estão fazendo a ronda. Muito cuidado. Nossos informantes estão a procura de vocês para protege-los e pela tarde, vocês seguem.
- Soldado falando....tarde demais. Iniciamos e vamos terminar o que começamos. Vou desligar senhor!
- Tenente falando.....Boa sorte Soldado!
Mais uma vez o medo bateu. Meu coração apertou e percebi que mais uma vez minha vida estava na reta. Esqueci que minha perna estava muito dolorida e meu braço não estava 100%. Peguei minha arma e sempre que via uma pessoa suspeita, eu atirava como quem tinha absoluta certesa do que estava fazendo.
Tudo bem que nas outras missões eu sequer atirei uma única vez, mas dessa de agora, percebi que minha vida corria risco e que eu teria que pagar pelas minhas atitudes, portanto esse preço seria pago no futuro.
Todos as pessoas que eram para serem salvas em minha missão, ficaram com medo do que eu era capaz. Eles estavam se perguntando como uma pessoa calma, pacífica e com um grande poder de comunicação poderia realizar uma chassina sem saber quem realmente era bom ou mau.
- Você está bem Soldado? - Perguntou Jair.
- Não sei. Sabe, tem coisas que um homem tem que fazer, mas antes ele tem afastar as pessoas que gostamos de verdade para que tudo dê certo, mas sempre pagamos um preço que jamais gostariamos de pagar. - Falei
- Calma Soldado....Você tomou dois tiros por nós. Agora é a nossa vez de te ajudar! - Falou Moá
- Não. Essa missão é minha. Se alguem tiver que se arriscar, será EU. Vamos. Estamos chegando no ponto.
Faltavam poucos metros para chegarmos no local. Deixei as pessoas numa casa perto e fui a pé para limpar o caminho. Estava tudo tranquilo. Voltei para busca-los. Eles foram na frente e eu estava cobrindo a retaguarda, quando percebi passos.
- É melhor voltarem de onde estavam. Ou eu atiro. - Falei
- Você é apenas um. Nós somos em seis. Será que você irá nos achar? - Disse uma voz!
- Teste-me e verá. Quer pagar para ver? - Falei.
Os passos sumiram. Percebi que cada um foi para um canto. Minha febre estava voltando, pois eu estava fazendo mto esforço e a perna juntamente com o braço estavam sangrando. Tive que usar minhas técnicas de artilharia para conseguir achar eles.
Só ouvia os passos e dava os tiros de acordo com a sonoridade da pisada. Eu havia pensado que tinha acabado com todos, quando do nada, ouvi uma voz:
- Vai morrer......
POW
Senti que algo passou por mim. Senti que meu coração não estava batendo como antes. Senti que estava pagando um preço pelo qual jamais quis pagar......
Antes de começar a perder os sentidos, só percebi que estavam me levando para um local com uma luz imensa e colocaram algo para que eu respirasse......
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