Estava começando a amanhecer.
Estavamos caminhando muito devagar, pois o sol estava a todo vapor e eram apenas 8 da manhã. Todos estavam usando roupas brancas que mais pareciam beduinos do deserto. Enquanto eu ia na frente garantindo que o caminho estivesse seguro e livre das minas terrestres, animais do deserto e saqueadores que aparecem pelo caminho.
Era a hora do almoço e eu estava começando a retirar a comida desidratada para que todos fossem satisfazer sua fome.
- Alguma das duas mulheres terá que amamentar o garoto! - Falei com ambas
- Ah, mas eu que não irei. Não irei me responsabilizar por nada com relação a esse pirralho. Ele sequer é meu filho. Boa sorte Cléo! - Falou Janice
- Ninguem aqui falou nada minha irmã. Eu tenho leite sim. Ele conseguia sugar alguma coisa enquanto esperavamos o Soldado. - Cleo Falou.
- Ok. Cleo, como você está amamentando e eu me alimentei antes de chegar até vocês, pode ficar com um pouco da minha água e com toda minha comida. Fui treinado para aguentar coisas muito piores. - Disse o Soldado.
Enquanto isso, os outros dois (Moá e Jair) estavam calados e observando atentamente como Cleo pegava a criança no colo e o amamentava. Mais parecia que ela era a mãe. Ela esboçava um cuidado, um afeto e um carinho totalmente inesperado para o momento que chegou a contagiar a quase todos, menos sua irmã.
- Menina, você ainda tem muito que aprender nessa vida. Você foi traida pela sua melhor amiga e agora....
- Procure seu lugar. Se você não teve peito para proteger quem você gostava, e acabou perdendo ele em nome da sua vida, não faça julgamento sobre a vida de uma criança que estou lutando para salvar. Quem é você para falar de um garoto que teve a vida salva pela mãe e a mesma pediu que eu cuidasse dele como se fosse meu filho? - Cleo respondeu furiosa
- Desculpe....(chorando)....Eu nunca iria conseguir ser igual a você.... - Falou Janice
Quando percebi a cena que estavamos criando, notei que o vento que vinha da direção norte estava vindo com um desvio muito esquisito. Pensei que estavamos sendo vigiados e seguidos.
- Vamos todos. Temos que seguir viagem AGORA! - Falei.
Todos enterraram os resto da comida desidratada e começaram a caminhar.
- Andem no sentido contrário a sombra de vocês. Se a sombra está nas costas, andem SEMPRE RETO.
Eis que o grupo começou a correr. Apenas eu fiquei atras para ver quem poderia vir e querer atrapalhar minha missão. Do nada surge um homem com uma roupa bege e apontando uma arma para o chão.
- O que você tem nesse saco, forasteiro? - Perguntou o homem da roupa bege
- Sei lá. Mas o que você quer de verdade? - Perguntei
- Eu? Deixe-me ver.........
Nesse momento, eu consegui sacar minha arma e apontar para ele.
- Quer brincar de faroeste? É melhor você ir andando.....deixe esse saco comigo e volte com o seu vento....... - Eu falei
- Quero o que tem no saco...... - Disse o homem
Estavamos um observando o outro, mas por coisa rápida de momento, percebi que o homem apontou para o saco e antes que ele disparasse, me joguei em direção ao saco. O homem de roupa bege atirou no saco, mas a bala pegou em meu braço, só que antes que eu caisse no chão, dei meu primeiro tiro e foi fulminante na cabeça do homem.
Pensei que eu nunca fosse capaz de fazer isso. Sempre pensei que a conversa e usando os meios pacíficos, eu conseguiria mudar um pouco a dinâmica do mundo, mas percebi que FUGIR DE RESPONSABILIDADES NUNCA SERÁ O MELHOR REMÉDIO.
Meu braço estava sangrando por causa do tiro, mas consegui fazer um curativo e muito mal, mexia meu braço, mas por sorte, não foi o que eu usei para atirar. Me virei para ver o que tinha no saco e me deparei com uma cena incrível. Janice estava protegendo a criança.
- Quando percebi que a criança não estava com Cléo, voltei correndo. Percebi que o homem estava mirando no saco, mas muito devagar eu retirei o bebê e coloquei outra coisa. Foi tudo muito rápido mas ele está bem......Sabe, tenho meus segredos e entendo o que a Cléo fez, portanto, quero que você carregue ele e entregue para ela. - Disse Janice.
- Não posso. Tenho apenas um braço que consigo movimentar numa boa. O outro, tomei um tiro e mal mexo com ele. - Falei.
- Um momento, deixe-me ver... - Disse Janice.
Nesse momento, ela enfiou o dedo para ver até onde a bala havia perfurado. Eu estava urrando de dor. Do nada ela apertou meu braço e a bala saiu. Depois, ela pegou um lençol e me disse:
- Daqui a 3 ou 4 horas, você pode movimentar ele numa boa. Guarde sua arma. Achamos uma caverna para passar a noite. Vamos pois uma tempestade de areia está por vir. - Disse Janice
- Vamos sim! - Falei
A imagem de Cléo ao ver que a criança estava em meus braços, foi de sensibilizar o coração de qualquer pessoa. Todos estavam muito cansados e eletricos com o momento. Apenas percebemos que cada um fechou os olhos devagar e resolvemos dormir até o outro dia.
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